São Paulo lidera ranking de inovação no país

O estado de São Paulo apresentou o melhor desempenho em relação à inovação entre os estados do país. De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), entre 2014 e 2024, o estado paulista passou de um índice de 0,877 para 0,891 pontos, em um cenário onde a escala tem um valor máximo de 1 ponto.

O economista-chefe do INPI, Rodrigo Ventura, afirma que São Paulo lidera o ranking há pelo menos 10 anos. Segundo ele, só a capital paulista concentra mais de 60% dos investimentos nacionais, com mais de 2 mil empreendimentos voltados para a área de tecnologia, além de abrigar gigantes multinacionais.

“Essa estrutura de inovação não se restringe à capital. Em São Paulo, existe o Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos. Também tem a Unicamp, que é referência; além de São Carlos, outra referência em desenvolvimento tecnológico na área de ciências agrárias. Por isso que, no IBID [Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento], São Paulo é líder nacional em 40 dos 74 indicadores que compõem o índice do INPI”, explica.

De acordo com o estudo, a região Sul do Brasil apresentou uma evolução significativa, influenciada, sobretudo, pelos resultados do Paraná e de Santa Catarina. No período analisado, o estado paranaense subiu da 6ª para a 3ª posição no ranking.

No primeiro ano avaliado, a unidade da federação performava com 0,358 pontos e agora conta com uma pontuação de 0,406. Santa Catarina está ainda melhor, já que atualmente ocupa a segunda posição, com 0,415 pontos, desbancando o Rio de Janeiro.

Segundo o advogado e mestre em Gestão de Riscos e Inteligência Artificial da Universidade de Brasília (UnB), Frank Ned Santa Cruz, em regra, inovação representa um processo de risco, mas que pode atrair investimentos expressivos. Nesse sentido, ele destaca o que pode ser levado em conta para a execução dessas iniciativas.

“Entre os elementos que podem destacar uma cidade com inovação, está a criação de espaços de inovação, viabilizando uma plataforma de incentivo aos programas de inovação. Isso vai desde benefícios fiscais previstos em legislação, mas também criando um ambiente, fóruns, espaços de diálogos e chamamento público para que empresas, inclusive da iniciativa privada, possam contribuir no fomento das inovações”, pontua.

O levantamento mostra, ainda, que nenhum estado do Nordeste configura entre os dez primeiros do ranking. Maranhão, por exemplo, mais uma vez fica nas últimas colocações. Em 2014, o estado era o 25° colocado, com 0,123 pontos. Desta vez, o estado está na penúltima posição, com 0,125 pontos.

Na avaliação do economista-chefe do INPI, Rodrigo Ventura, esse cenário em relação ao Nordeste se dá, entre outros fatores, pelo resultado das dimensões que compõem o chamado macroambiente – que tornam o estado mais ou menos propício à atividade inovativa.

“Os estados do Nordeste, em termos relativos, comparativos a outros estados, não vão muito bem em dimensões como ambiente institucional, ambiente regulatório, infraestrutura geral, notadamente tecnologias ou acesso a tecnologias da informação e comunicação; e também não vão bem em termos de qualificação da força de trabalho”, considera.

Em 2014, o pior desempenho foi obtido pelo estado de Alagoas, que ocupou a última posição do ranking, com 0,121 pontos. No ano passado, a unidade da federação conseguiu subir seis colocações, fechando 2024 em 21°, com 0,143 pontos. No balanço mais recente, a última posição foi ocupada pelo Acre, que caiu quatro posições, com 0,111 pontos.

Influência Industrial

No ano passado, o estado paulista exerceu a principal influência na produção industrial do país em 2024. O crescimento foi de 3,1%, o mesmo registrado em nível nacional. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado pode ser explicado pelo desempenho dos setores de veículos automotores (produção de autopeças, automóveis, caminhão-trator para reboques, semirreboques e caminhões) e de outros produtos químicos (produção de fungicidas para uso na agricultura e de preparações capilares).

De acordo com dados do governo estadual, as atividades industriais com maior variação positiva em 2024 foram: Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos (14,9%), Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (14,5%), Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (8,8%), Fabricação de produtos de minerais não-metálicos (7,9%), Fabricação de produtos têxteis (6,8%), Fabricação de produtos químicos (5,8%), Fabricação de produtos de borracha e de material plástico (5,5%), Fabricação de bebidas (4,4%), Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (4,3%), Indústrias de Transformação (3,6%), Fabricação de máquinas e equipamentos (3,0%), Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos (2,6%), Fabricação de celulose, papel e produtos de papel (2,5%), Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (2,2%), Metalurgia (1,6%), e, por fim, Confecção de artigos do vestuário e acessórios (0,8%).

As atividades que tiveram o maior número de produtos com bom desempenho no setor industrial foram Têxtil, Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos, além de Veículos Automotores. Refino e Biocombustíveis; Borracha e Plástico; Minerais Não Metálicos; Produtos de Metal, além de Máquinas e Equipamentos vêm em seguida no maior número de produtos.