As Universidades públicas do estado, a USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade de Campinas) e a Unesp (Universidade Estadual Paulista) lançaram dois projetos voltados para a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias assistivas. A ação é realizada em conjunto com a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Ao todo, as universidades devem oferecer o apoio financeiro de R$100 mil a R$ 500 mil para a realização de projetos de pesquisa durante um tempo de dois anos. O valor será destinado a docentes e pesquisadores que atuem nas áreas de produção científica, bibliográfica, tecnológica, artístico cultural e didática ou em atividades de extensão.
Dentre os dois projetos que devem ser realizados com a parceria, um dos editais contempla o financiamento da pesquisa científica para o desenvolvimento de produtos, equipamentos e dispositivos capazes de promover a inclusão com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência. Já o segundo projeto é a recente entrada em operação de órgãos voltados à pesquisa sobre acessibilidade, os Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs) – uma parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) com universidades, secretarias de Estado e instituições de pesquisas.
Os CCDs são um programa da Fapesp, lançado em 2019, que busca identificar grandes desafios públicos enfrentados pelo governo e, a partir deles, articular diferentes atores na busca por soluções. Esse processo inclui o trabalho conjunto com diversas secretarias estaduais, que têm o papel de definição de problemas prioritários em suas respectivas áreas, e utiliza o modelo de cofinanciamento, no qual a fundação complementa valores das instituições parceiras, viabilizando estudos que tenham o potencial de promover o avanço no conhecimento e proporcionar a melhoria das políticas públicas. Em sua terceira edição, lançada em 2023, a iniciativa promoveu a constituição de 21 novos centros, com um investimento de R$ 130 milhões, e estendeu a parceria à SEDPcD, para a identificação de demandas na área de inclusão, contemplando quatro CCDs voltados para o desenvolvimento de tecnologias assistivas junto às universidades estaduais paulistas.
O presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, traçou um panorama do sistema paulista de ciência e tecnologia e apresentou o programa dos CCDs. “O Estado de São Paulo é forte na área científica devido a um sistema robusto de instituições. Em 2023, revertemos uma tendência de queda de projetos apoiados que havia ocorrido durante a pandemia e investimos R$ 1,36 bilhões em 23 mil projetos, sendo cerca de 10 mil deles novos, o que incentiva o avanço do conhecimento, a inovação e o estudo de temas estratégicos, além de apoiar a infraestrutura, a difusão da pesquisa e o mapeamento da ciência produzida”, destacou.
Segundo Zago, o momento é de comemoração: “Ao ressaltar o sucesso desta iniciativa, estamos dando um exemplo e gerando repercussão para trazer ainda mais propostas e parceiros. Trata-se de um trabalho que vai além da academia e do governo; envolve também empresas e sociedade civil e aponta nichos comerciais, financeiros e um lado social importantíssimo”.
Particularmente em relação à USP, Carlotti mencionou algumas ações mais recentes na área da acessibilidade, como a contratação de novos professores de Língua Brasileira de Sinais (Libras); a reformulação dos sites institucionais para adoção de ferramentas de inclusão; e a reforma do Museu do Ipiranga, que se destacou pela adoção, de forma muito ampla, de ferramentas de acessibilidade nos projetos expositivo e educativo.
Liderado pela USP, o Centro de Tecnologias Assistivas para as Atividades da Vida Diária (Tecvida), sediado na Escola Politécnica (Poli) sob coordenação do professor Arturo Forner-Cordero, irá desenvolver, em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), tecnologias avançadas, como exoesqueletos e cadeiras de rodas motorizadas, para promover soluções que restaurem a capacidade de mobilidade e de realização de atividades cotidianas. O objetivo é gerar produtos assistivos modulares com custo mais baixo para o sistema de saúde. Um exemplo são as cadeiras de rodas modulares que permitem ajustes para acompanhar o crescimento de uma criança, além de se adaptar a vários modos de uso: ar livre, ambientes fechados ou atividades esportivas, de acordo com as necessidades de cada pessoa.
O Tecvida também vai atuar junto a diversos grupos de pesquisa para promover coletas de dados e os estudos da evolução de pacientes. Os outros três CCDs, que têm Unesp e Unicamp como sedes, também contam com a participação da USP como instituição associada.
Na Unesp, o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistida desenvolverá e validará produtos, metodologias e serviços para promover a funcionalidade voltada às pessoas com deficiência. Atuará na formação de multiplicadores e alinhará suas pesquisas com as estratégias da SEDPcD, focando em novas tecnologias, redução de custos e acessibilidade, incluindo estudos em inteligência artificial (IA) e materiais pedagógicos para neurodivergentes.
O Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade em Libras, sediado na Unicamp, utilizará IA para a quebra de barreiras de comunicação. Ainda na mesma Universidade, o Centro de Ciência para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva para a Educação Bilíngue de Surdos visa desenvolver materiais didáticos acessíveis para o ensino de português a estudantes surdos, adotando uma abordagem bilíngue. O trabalho inclui pesquisa, análise de documentos, produção de materiais e formação de profissionais, em parceria com a secretaria de Educação de Campinas.