
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco do Brasil) aumentou em 1 ponto percentual a taxa Selic, passando de 13,25% para 14,25% ao ano. O valor da taxa foi definido durante a reunião do Copom que aconteceu na última quarta-feira, 19.
Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e duas de 1 ponto percentual. Além disso, o Copom também alertou para a continuidade no ciclo de alta da taxa Selic. De acordo com o Banco CENTRAL (BC), o aumento da taxa está relacionado com a alta na inflação, principalmente em razão do aumento nos preços dos alimentos. Com esse cenário, o Copom apontou que a inflação deve ficar acima da meta pelos próximos seis meses.
Com o anúncio do aumento da taxa Selic em 1 ponto percentual, Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), alertou sobre os danos causados pelo período longo de juros altos. “A reunião do Copom para decidir sobre a Selic ocorre em um momento de apreensão para a economia brasileira. A manutenção de juros muito elevados tem sido um dos principais fatores limitantes ao crescimento do PIB, que já apresentou sinais de desaceleração no último trimestre de 2024”, disse Cervone.
Rafael Cervone lembrou também que os juros reais, além da Selic, hoje estão em torno de 9%, o que demonstra uma preocupação, mesmo prevalecendo a previsão média do mercado constante do Boletim Focus, de manutenção em 13,25% ao ano, a Selic seguirá exagerada. “Embora a inflação sinalize certo recrudescimento e a questão fiscal ainda não tenha sido solucionada, a continuidade de uma política monetária restritiva é nociva para o Brasil”, ponderou.
“Os juros elevados limitam a capacidade de investimento das empresas, especialmente na indústria, que depende de financiamentos constantes para modernizar seus bens de capital e tecnologia. Sem acesso a crédito a custos viáveis, torna-se inviável realizar os aportes necessários para garantir nossa competitividade no mercado global”, argumentou o presidente do CIESP.
“É urgente que o governo e o Banco Central encontrem um equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo à economia. Precisamos continuar crescendo de modo substantivo e gerando empregos. Juros altos por um período prolongado, conforme estamos vivenciando no País, causam danos difíceis de serem reparados em curto prazo”, concluiu Cervone.
O que é a Selic
A Selic é uma taxa básica de juros usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, pretende conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
					

