O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu que pode usar forças da Coreia do Norte na guerra contra a Ucrânia. Durante a reunião do Brics, o presidente russo deu a entender, em coletiva de imprensa, que a capital norte coreana Pyongyang já pode ter enviado 3 mil dos 12 mil soldados que estaria disposta a ceder à Rússia.
Questionado sobre imagens de satélite que mostravam concentrações dessas forças na Rússia, Putin disse que “se há imagens, elas refletem algo”. Mais ainda, referiu-se diretamente ao acordo estratégico que assinou em julho com o ditador Kim Jong-un.
Ele é um tratado de defesa mútua, cujo artigo 4º prevê que um país socorrerá o outro em caso de um deles “ser posto em estado de guerra por uma invasão armada”. “Estamos em contato [com Pyongyang] para ver como desenvolvemos isso. Eles estão comprometidos com o artigo 4º”, disse.
O acordo foi ratificado por deputados russos na quarta-feira, uma formalidade na prática. Seus termos exatos não são totalmente públicos, como por exemplo como fica o compartilhamento de táticas nucleares dos países, ambos detentores de ogivas atômicas.
Na sexta-feira, 25, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Rússia planeja enviar tropas norte-coreanas para o campo de batalha a partir de 27 e 28 de outubro, citando relatórios de inteligência. “De acordo com serviços de inteligência, espera-se que os primeiros soldados norte-coreanos sejam enviados pela Rússia para zonas de combate já em 27 e 28 de outubro. Essa é uma clara escalada da Rússia”, disse Zelensky no X, depois de receber relatórios de seu principal comandante.
Zelensky não disse para qual setor da linha de frente os soldados norte-coreanos devem ser enviados ou deu quaisquer outros detalhes.
A inteligência militar ucraniana disse na quinta-feira que as primeiras unidades norte-coreanas já haviam sido registradas na região fronteiriça russa de Kursk, onde os militares ucranianos estão operando desde que realizaram uma grande incursão em agosto.
Ainda em sua fala, Putin negou que, como disseram os EUA e a Coreia do Sul, tal emprego de forças seria uma escalada. Repassou sua narrativa acerca da guerra, que costuma começar com a queda de um governo aliado seu em Kiev, em 2014.