Número de acidentes envolvendo animais peçonhentos cresce no Brasil

O número de acidentes envolvendo animais peçonhentos cresceu no Brasil em 2023. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram registrados no ano passado 341.806 acidentes envolvendo animais peçonhentos, contra 293.702 casos em 2022. O valor representa mais de 16% de crescimento entre os últimos dois anos.

Dos mais de 340 mil casos, mais de 200 mil foram causados por escorpiões, enquanto que 32.514 casos foram causados por serpentes.

O aumento nos acidentes por animais peçonhentos traz um desafio para a saúde pública do Brasil. Devido à rica biodiversidade e ao clima tropical favorável, o país abriga uma grande variedade de serpentes, aranhas, escorpiões e outros animais peçonhentos, cujas picadas ou mordidas podem resultar em graves consequências para a saúde humana, e em alguns casos pode levar a óbito.

Nos casos de acidentes por serpentes, a situação é ainda mais preocupante. Mundialmente, entre 4,5 e 5,4 milhões de pessoas são vítimas de acidentes ofídicos anualmente. Destes, entre 1,8 e 2,7 milhões desenvolvem sinais clínicos de envenenamento, e aproximadamente 100 mil pessoas evoluem para óbito, principalmente no norte da África, Oriente Médio e sul e sudeste da Ásia. Tais acidentes também podem deixar sequelas por deficiência física e psicológica e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acarretam anualmente cerca de 400 mil amputações e outras deficiências permanentes.

Por ser um problema de saúde pública que afeta principalmente populações economicamente vulneráveis, o ofidismo, em particular, passou a ser reconhecido como uma das doenças tropicais negligenciadas (DTNs) pela OMS.

No Brasil, soros antivenenos são distribuídos e aplicados de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os soros são produzidos pelo Instituto Butantan, responsável pela maior produção do país.

Só neste ano, o Ministério da Saúde aumentou em 4,7% o número de frascos de antivenenos a serem distribuídos ao SUS. O novo contrato prevê a distribuição de 450 mil frascos por ano. A iniciativa faz parte da estratégia para que o Brasil alcance os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que prevê a redução de 50% da mortalidade decorrente de acidentes por animais peçonhentos até 2030.

Essa estratégia foi desenvolvida para atender os seguintes pilares: ampliar o acesso aos soros antivenenos; garantir tratamento soroterápico com ênfase na segurança do paciente, na qualidade e na eficácia; fortalecer os serviços de saúde; capacitar os profissionais da saúde; mobilizar e sensibilizar a sociedade; e integrar parceiros para viabilizar recursos financeiros, incluindo o compartilhamento de tecnologias entre os laboratórios produtores para a produção dos antivenenos.

Apesar da saúde pública disponibilizar o soro que previne o agravamento devido a picadas de animais peçonhentos, o alerta para cuidado com estes animais segue constante, principalmente durante época de calor e chuva. Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, a aparição de animais peçonhentos ocorre principalmente entre setembro a fevereiro, durante a primavera e verão.

Animais como escorpião, aranhas e serpentes podem ser encontrados em residências, terrenos abandonados com entulhos, em materiais de construção, embaixo de pedras, matos, lixo, lenha, tijolos, telhas etc. Por isso, o alerta é para que sempre verifique calçados, roupas, toalhas e roupas de cama antes de usá-los, além de evitar o acúmulo de madeira, materiais de construção e lixo.