Campinas registrou um aumento de 25,9% nos casos de violência no último ano. De acordo com dados do 17° Boletim Sisnov (Sistema de Notificações de Violência em Campinas), em 2023 foram 3.634 notificações de violência, contra 2.886 registros em 2022. Os dados mostraram ainda que os casos de violência registrados atingiram mais crianças, adolescentes e idosos.
Nos últimos cinco anos, 28.262 notificações de violência foram registradas no sistema. Nesse período foi observado um crescimento no número de notificações ao longo dos anos, com exceção de 2019 e 2020, em que houve uma queda. “Os dados do Sisnov são ferramentas importantes de gestão para o aprimoramento de políticas públicas”, disse o secretário de Saúde, Lair Zambon.
Nos últimos cinco anos, os três maiores notificadores de casos de violência ao sistema e que correspondem a 89% do total foram a Secretaria Municipal de Saúde, a Rede Mário Gatti e a Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social.
A Secretaria Municipal de Saúde registrou 6.428 notificações, sendo 4.948 provenientes da Rede de Urgência e Emergência Mario Gatti e 1.480 de Unidades de Saúde. O segundo maior grupo de notificadores foi da Secretaria da Assistência Social que foi responsável por 3.210, sendo 2.012 notificações realizadas pelas unidades conveniadas e 1.198 notificações por unidades próprias.
A violência física foi a mais notificada do total de casos, com 34%, seguida das tentativas de suicídio (23%) e da violência sexual (16%). A negligência e o abandono, segundo o boletim, também foram bastante registrados, especialmente no caso de crianças.
A maioria das vítimas, 71%, é do sexo feminino, sendo que a violência física (46,3%) e as tentativas de suicídio (27,5%) foram as formas mais noticiadas, com um aumento significativo nos últimos anos. Em relação a violência doméstica, cônjuges ou ex-cônjuges foram os principais autores de violência contra as mulheres, com 42,8% dos casos, seguido de tentativas de suicídio autoprovocadas.
Entre 2019 e 2023 houve um aumento de 47,7% nas notificações em relação à violência contra a criança e de 44,7% em adolescentes. Entre as crianças, a violência mais comum foi a negligência/abandono (44%), seguida pela violência sexual (29,9%).
Já entre os adolescentes, as tentativas de suicídio foram o tipo de violência mais frequentemente notificado, representando 25% dos casos, seguido pela violência física (20,7%) e violência sexual (20,2%). No caso das crianças, os principais autores das violências foram os cuidadores diretos (69,9%), enquanto para os adolescentes, destacaram-se as tentativas de suicídio autoprovocadas (26,2%).
Entre a população idosa, o número de notificações de violência foi de 720 casos entre 2019 e 2020, com um aumento em 2022. As idosas foram as principais vítimas, representando 71,7% dos casos, sendo a violência física a mais notificada (35%), seguida pela negligência e abandono (27%). Filhos e netos foram os principais autores dessas violências, evidenciando um ciclo de violência intergeracional.