Governadores lançam “Consórcio da Paz” para enfrentar o crime organizado e cobrar mais autonomia na segurança pública

Sete governadores anunciaram nesta quinta-feira (30) a criação do Consórcio da Paz, uma iniciativa que busca unir esforços e integrar ações de inteligência, recursos e efetivos policiais no combate ao crime organizado em todo o país.

A reunião aconteceu no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, poucos dias após uma operação nas comunidades do Alemão e da Penha, que deixou 121 mortos e reacendeu o debate sobre a violência e o papel dos estados na segurança pública.

O grupo, liderado pelo governador Cláudio Castro, terá o Rio de Janeiro como sede inicial e vai atuar de forma semelhante a outros consórcios interestaduais já existentes. A proposta é compartilhar experiências, comprar equipamentos de forma conjunta e criar estratégias coordenadas de enfrentamento à criminalidade.

Segundo os governadores, o consórcio pretende incluir as 27 unidades da Federação e funcionará com foco em ações práticas, “sem politização da segurança pública”. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, afirmou que o objetivo é unir forças para “enfrentar definitivamente essa onda de violência que afeta todo o Brasil”.

Durante o encontro, também houve críticas à PEC da Segurança Pública, proposta pelo governo federal, que pretende transformar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) em política nacional obrigatória. Governadores afirmaram que a medida fere a autonomia dos estados na condução das polícias.

Paralelamente, o Ministério da Justiça anunciou a criação de um escritório emergencial de integração no Rio de Janeiro, com reforço de agentes federais e transferência de presos de alta periculosidade para presídios federais — uma tentativa de aproximar as ações entre as esferas federal e estadual.

Enquanto autoridades celebram o início de uma nova fase de cooperação, organizações civis e especialistas em segurança pública alertam que o combate ao crime precisa ir além das operações letais, atacando as raízes econômicas e sociais que alimentam o poder das facções criminosas.