A Defesa Civil de São Paulo voltou a emitir alertas para o risco elevado de incêndios em quase todo o estado paulista. O novo alerta foi dado nesta quinta-feira, 29, por meio do Centro de Gerenciamento de Emergência (GGE) que tem monitorado todas as regiões do estado após os incêndios registrados no último final de semana. O alerta para possíveis focos de incêndio retornam junto com as temperaturas que voltam a subir e com a URA (Umidade Relativa do Ar) que volta a cair neste final de semana em todo o território paulista.
De acordo com o Mapa de Risco de Incêndios da Defesa Civil, as regiões mais críticas são Andradina, Araçatuba, Bauru, Jaú,Presidente Prudente, Assis, Marília e Ourinhos com temperatura chegando a 35°C e URA ficando abaixo dos 20%. Já para as regiões de Jales, Votuporanga, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Barretos, Franca e São Carlos, os termômetros podem registrar 33ºC, com URA também abaixo dos 20%. As regiões de Itapeva, Sorocaba e Iperó, podem registrar máximas de 29ºC, com URA abaixo dos 25%. Para a Região Metropolitana de São Paulo, região de Campinas, Jundiaí, Campos do Jordão e Guaratinguetá, a máxima prevista será de 27ºC com a URA ficando abaixo dos 30%.
Entre os dias 23 e 24, grande parte do estado entrou em nível de emergência devido aos incêndios registrados. A região de Ribeirão Preto foi a mais afetada, mas moradores das regiões de São José do Rio Preto, São Carlos e de Campinas também sofreram com a fumaça e fuligem que os incêndios nas cidades provocaram. Desde então, o Governo de São Paulo está monitorando as regiões juntamente com o gabinete de crise das queimadas. Na segunda-feira, 26, o governo paulista informou que não havia focos de incêndio ativos no estado, mas colocou 48 municípios em alerta máximo para queimadas ao longo da semana. Para este final de semana, a Defesa Civil já atualizou os dados e colocou o estado inteiro em alerta.
Desde os incêndios no último final de semana, dez suspeitos de envolvimento nas queimadas foram presos pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Dois suspeitos já foram detidos em Franca, dois em Batatais, dois em São José do Rio Preto, um em Jales, um em Guaraci, um em Salto e um em Pindorama.
O mês de agosto teve um registro histórico de focos de incêndio tanto no Brasil, quanto no estado de São Paulo. O país registrou o maior número de queimadas desde 2010. Foram 109.943 focos de incêndio registrados de 1° de janeiro a 26 de agosto deste ano, contra 127.147 casos em 2010. De 2023 para 2024, o território brasileiro teve um aumento de 76% nos focos de incêndio.
Já para os números estaduais, o estado de São Paulo teve a maior série histórica de focos de incêndio dos últimos 25 anos. De 1° de janeiro a 26 de agosto, foram 5.278 casos de queimadas, o maior desde a série histórica iniciada em 1998. Dos mais de cinco mil casos, metade foi registrado em 24 horas, entre sexta-feira (23) e sábado (24), com 2.621 pontos de queimadas neste período. O número é sete vezes maior que o total de registros em todo o mês de agosto do ano passado, que registrou 352 casos.
Só no último final de semana, as queimadas registradas colocaram o estado de São Paulo no topo da lista de incêndios, ficando à frente até de estados da Amazônia Legal que têm o maior registro de queimadas em 17 anos. Todos os dados apresentados com os números de queimadas são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais).
A região de Campinas também seguiu a mesma tendência de aumento de queimadas e incêndios neste ano se comparado ao ano passado. De acordo com a Defesa Civil de Campinas, só de 1° de maio a 27 de agosto foram captados 629 focos de incêndio captados por meio de imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Corpo de Bombeiros (Cobom) registrou, no mesmo período, 744 incêndios. Durante toda a Operação Estiagem no ano anterior, pelo INPE, foram captados 109 focos de incêndio e registrados pelo Cobom 259 incêndios. Só no último sábado, 24, foram 219 focos de incêndio no município captados pelo INPE, isso sem contar com o registro de queimadas em outras cidades da região.
Historicamente, agosto é o mês inicial das queimadas no país devido a estiagem, seguindo até outubro. No entanto, o pico de casos começa a ser registrado em setembro, situação que já foi superada agora em agosto.
Dos mais de 2,6 mil casos de queimadas no estado de São Paulo entre os dias 23 e 24, 81,29% estavam concentrados em áreas de uso agropecuário, como plantações de cana-de-açúcar e pastagens, de acordo com um levantamento do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
O governo estadual informou que mais de 15 mil pessoas se envolveram nos trabalhos de combate às chamas, além das ações de orientação à população e planejamento das ações. Além disso, o governador Tarcísio de Freitas decretou situação de emergência, por 180 dias, nas áreas de 45 municípios paulistas em razão das ocorrências de incêndios florestais. A mobilização da Defesa Civil segue em conjunto com as ações de alerta à população para que não coloquem fogo em áreas de vegetação seca, não jogue bitucas de cigarro em beiras de rodovias, não realize a limpeza da área rural utilizando técnicas com fogo, não queime lixo e não solte balão.
Com os novos alertas para possíveis queimadas neste final de semana, a saúde estadual recomenda que em períodos de intenso calor e baixa umidade a população evite exercícios físicos e trabalhos ao ar livre entre 10h e 16h, evite aglomerações em ambientes fechados, usar soro fisiológico para olhos e narinas, além de se hidratar e umidificar o ambiente.


