Os casos de dengue no país entre o final de 2024 e o começo deste ano tem chamado a atenção dos governos municipais, estaduais e federal. Só nos primeiros dez dias do ano, 10,1 mil casos prováveis de dengue foram notificados e dez mortes estão sendo investigadas, além é claro dos 6,4 milhões de prováveis casos e seis mil óbitos em 2024.
O Ministério da Saúde projetou nesta semana um aumento de casos de dengue neste ano em seis estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná. De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o principal fator para o possível aumento de casos está relacionado à continuidade do El Niño neste ano, que pode intensificar condições climáticas que favorecem a proliferação do mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue. O Ministério também atribuiu a projeção ao aumento da circulação do sorotipo 3 da dengue, que deve ter maior incidência no estado de São Paulo.
Com as projeções de aumento nos casos, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 9,5 milhões de doses da vacina contra a dengue para 2025. Do total, 5,5 milhões já foram distribuídas para os estados e o Distrito Federal no final de 2024. No ano passado, o Ministério chegou a comprar menos de 6,5 milhões de doses da vacina para distribuir ao longo do ano. No total, o investimento foi de R$ 1,5 bilhões para o plano de enfrentamento da doença entre 2024 e 2025.
A estratégia é dar continuidade à vacinação do público de 10 a 14 anos, com base na avaliação do comitê científico da pasta. Ainda não há doses disponíveis em larga escala, pela limitação de produção do laboratório fabricante, sendo a eliminação dos focos do mosquito a estratégia principal. Dessa forma, as doses adquiridas serão aplicadas apenas nesse público.
Além do anúncio da compra de mais doses da vacina, o Ministério da Saúde também anunciou que vai instalar um Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses. De acordo com o Ministério, o planejamento e a resposta coordenada serão realizados em constante diálogo com estados, municípios, pesquisadores, instituições científicas e outros ministérios. O COE tem como objetivo ampliar o monitoramento das arboviroses, orientando a execução de ações em vigilância epidemiológica, laboratorial, assistencial e controle de vetores. Para isso, suas principais atribuições incluem: Planejamento e resposta coordenada em parceria com estados, municípios, pesquisadores, instituições científicas e outros ministérios; Articulação com gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) e outros órgãos públicos; Proposição de medidas, como o acionamento de equipes de saúde e campanhas educativas; Divulgação de informações à população sobre a situação epidemiológica e ações de resposta, e, por fim, encaminhamento de relatórios técnicos para subsidiar a tomada de decisão no enfrentamento das arboviroses.
Outra resposta do Brasil para o controle das arboviroses é o lançamento do Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika. A finalidade é garantir uma preparação adequada para conter o avanço da doença. O novo plano revisa e amplia a versão anterior, publicada em 2022, e busca reforçar as estratégias de prevenção, preparação e resposta às epidemias de arboviroses.
O governo prevê ainda a adoção de novas tecnologias de combate à dengue, a exemplo de um método conhecido como Wolbachia. Ele se baseia na inserção de mosquitos Aedes Aegypti, transmissores da doença, em laboratórios. Assim, seria possível estudar os modos de impedir a reprodução.
O governo também pretende implementar 150 mil Estações Disseminadoras de Larvicida, voltadas a áreas periféricas. A estação serve como uma espécie de armadilha para os mosquitos, pois usará potes de água cobertos com tecidos pretos impregnados de larvicidas em pó.
Para impedir que os mosquitos se proliferem, os entes públicos executarão uma borrifação residual intradomiciliar em áreas de grande circulação de pessoas, como creches, escolas e asilos.
