O número de casos de violência contra pessoas idosas tem aumentado no Brasil nos últimos anos. Só no ano passado, foram mais de 179 mil denúncias de violência contra o idoso registradas pelo Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos. Além disso, uma pesquisa realizada em 2023 por pesquisadoras da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) mapeou que entre 2020 a 2023 foram registrados 408.395 denúncias de violência contra idosos no país. Só em 2023, o aumento foi de 50 mil denúncias se comparado ao ano anterior.
Dados do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), plataforma do Ministério dos Direitos Humanos, indicam que, além da violência física, a negligência ou abandono e a violência psicológica ou moral são as formas mais frequentes de maus-tratos.
De acordo com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), os estados com maior número de denúncias registradas pelo Disque 100, nos últimos anos foram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia que, juntas, correspondem a 63% do total no país.
As estatísticas também revelam um perfil preocupante das vítimas e agressores. A maioria das vítimas de violência contra idosos são mulheres (70,6%), com filhos e filhas sendo os principais agressores (51,2%). O local mais comum das agressões é a própria residência da vítima (88,8%), e grande parte dos casos é recorrente.
Diante destes dados, o mês de junho é voltado para a conscientização e combate a violência contra a pessoa idosa, dentro da campanha do Junho Violeta. A campanha faz parte de uma das ações e políticas sociais que o Estatuto do Idoso prevê que estados e municípios devem garantir a proteção da vida dos idosos através da implementação de políticas públicas, reforçando a conscientização para a necessidade de garantir direitos, dignidade e respeito às pessoas idosas, para que essa população não siga sendo alvo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão.
Durante o mês, estados e municípios levam o assunto da campanha para dentro de espaços públicos, como Unidades Básicas de Saúde, Centros de Convivência do Idoso e até mesmo em espaços abertos a toda população.
Na região, a campanha deve acontecer em grande parte dos municípios, com palestras e atividades voltadas para a população idosa. Campinas, por exemplo, lançou nesta semana a campanha com o tema “Envelhecer é uma conquista. Torná-la digna é dever de todos”, no qual a cidade vai promover palestras, rodas de conversa, apresentações culturais e atividades em espaços públicos, centros de convivência e Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).
Além de fortalecer os canais de denúncia e proteção, o Junho Violeta também tem como foco o combate ao idadismo, que é o preconceito baseado na idade, e a divulgação dos direitos da população idosa. Informações do Datasus apontam a realidade da denúncia de violência contra idosos em Campinas: foram 147 casos em 2022, 236 em 2023 e 224 em 2024, totalizando 607 notificações. Os registros costumam aumentar no segundo semestre. Julho de 2024 apresentou o maior índice: 32 casos.
