O Hospital Municipal Mário Gatti, em Campinas, é referência na captação de órgãos para transplantes na cidade e região. O destaque do hospital é reconhecido através de prêmios conquistados em 2022 e 2024 durante o Encontro Estadual das Comissões Intra-Hospitalares de Transplantes do Estado de São Paulo (ECESP).
Segundo dados do hospital, entre janeiro de 2022 a agosto de 2025, foram realizadas 11 captações no centro cirúrgico do hospital – um em 2022; quatro em 2023; quatro em 2024 e dois em 2025 até agora.
De acordo com o Setor de Informação da Rede Mário Gatti, a maior parte dos doadores tinha entre 40 e 60 anos, com média de idade de 44 anos. O mais jovem tinha 21 e o mais velho, 68. As principais causas de morte que resultaram em doação foram traumas e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
O destaque do hospital vai de encontro com a campanha do Setembro Verde, mês de conscientização e sensibilização para doação de órgãos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2024 o Brasil registrou recorde histórico, com mais de 30 mil transplantes realizados pelo SUS. O número representa um aumento de 18% em relação a 2022. Hoje, 88% dos transplantes nacionais são feitos pelo sistema público, o que coloca o Brasil como referência mundial, atrás apenas dos Estados Unidos em números absolutos.
Apesar do avanço, o desafio é grande: cerca de 78 mil pessoas aguardam na fila por um transplante. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a taxa de recusa familiar ainda é de 44%.
Na região de Campinas, dados da OPO (Organização de Procura de Órgãos) Unicamp mostram que, de 2021 a agosto deste ano, foram registradas 403 notificações de potenciais doadores, das quais 122 resultaram em doações efetivas.
No período, foram transplantados 921 rins, 378 fígados, 106 corações, 85 pulmões e 21 pâncreas.
Apesar dos números positivos e do crescimento na doação de órgãos, o país enfrenta grandes problemas no assunto. Em 44% dos casos existe a recusa familiar, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Neste sentido, a conscientização da família é essencial para o crescimento da doação, já que no Brasil, a doação de órgãos de um paciente falecido depende da autorização da família. “É fundamental conversar sobre o desejo de doar, para que a família saiba tomar essa decisão em um momento tão delicado”, destacou Carla Oliva, enfermeira da comissão de captação do Mário Gatti.
A doação de órgãos ainda enfrenta outros desafios como mitos: a crença de que a doação causa desfiguração do corpo, que há custos financeiros para a família do doador, que religiões se opõem à doação e que é possível escolher o destinatário do órgão, mas tudo isso é falso. A doação é um ato de solidariedade sem custos para a família e para o receptor.
“Falta falarmos mais sobre o assunto e as pessoas se informarem sobre como realmente acontece a doação de órgãos. A questão da conscientização faz diferença e um doador pode salvar várias vidas”, concluiu Carla Oliva. Um único doador pode beneficiar até 10 pessoas, já que além de órgãos, também podem ser transplantados córneas, pele, ossos, vasos e válvulas cardíacas.




