Franklin aumenta número de comissionados na Prefeitura de Valinhos, mesmo diante de apontamentos do Tribunal de Contas

Franklin Duarte de Lima, atual prefeito de Valinhos, iniciou seu governo em janeiro de 2025 promovendo uma expansão da estrutura administrativa do município, em meio a alertas do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) sobre o número de cargos comissionados no Legislativo durante sua presidência da Câmara nos anos de 2021 e 2022.
Na primeira semana de governo, projetos de lei enviados à Câmara Municipal criaram 71 novos cargos em comissão e instituíram quatro novas secretarias: da Família e da Mulher; do Verde e Agricultura; de Comunicação e de Obras Públicas. A aprovação ocorreu de forma rápída, com poucos questionamentos. Apenas a criação de 21 cargos de Assessor Regional recebeu voto contrário do vereador Marcelo Yoshida (PT).
Os demais cargos incluem assessores de secretaria, assessores de departamento, diretores de departamento e secretários adjuntos. O impacto financeiro estimado é de R$ 9 milhões, sem considerar a criação de cargos efetivos, como agentes de defesa civil, e a concessão de gratificações.
Segundo a prefeitura, em reportagem da época no Jornal de Valinhos, pelo menos 15% das funções seriam ocupadas por servidores de carreira, e a expansão tinha como objetivo atender a demandas administrativas e regionais.
Rejeição das contas
Em 14 de maio de 2025, o TCE-SP manteve a reprovação das contas de Franklin referentes a 2021, quando ele presidia a Câmara Municipal. O tribunal apontou irregularidades recorrentes, com destaque para o número elevado de cargos comissionados e despesas per capita acima da média de municípios similares.
A decisão prevê que Franklin passe a integrar a lista de gestores com contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, encaminhada à Justiça Eleitoral, o que poderá ser considerado na análise de sua elegibilidade em futuras eleições.
O TCE-SP indicou que parte das nomeações ocorreu sem a qualificação formal exigida, e que determinadas despesas não tinham respaldo legal, apontando a necessidade de atenção aos princípios constitucionais de legalidade, moralidade e eficiência na administração pública.
O Tribunal tem demonstrado atenção especial às nomeações em cargos comissionados, avaliando seu número, finalidade e impacto orçamentário, como forma de garantir transparência e equilíbrio na gestão fiscal.


Observação
A prática de criação de cargos comissionados em administrações municipais é prevista em lei, permitindo ao chefe do Executivo nomear servidores de confiança para funções estratégicas. Na prática, esses cargos muitas vezes são utilizados para atender demandas políticas e administrativas, incluindo a nomeação de aliados e representantes de diferentes regiões ou grupos de interesse.
Especialistas em administração pública destacam que o uso desses cargos deve ser equilibrado e transparente, para não comprometer a eficiência da máquina pública nem extrapolar limites orçamentários.


Críticas e repercussão
A ampliação da máquina pública no início do governo gerou debates sobre o impacto orçamentário e a necessidade das novas secretarias e cargos comissionados, especialmente em um contexto de restrição fiscal. Por outro lado, a prefeitura reforça que as medidas buscam atender às demandas administrativas do município e garantir cobertura regional.
A situação evidencia o equilíbrio delicado entre expansão administrativa e responsabilidade fiscal, enquanto a gestão de Franklin Duarte de Lima segue sob acompanhamento da sociedade e do TCE-SP.
A Prefeitura de Valinhos não respondeu ao questionamento da reportagem sobre o assunto.