O Ponto de Cultura Sia Santa, em Campinas, recebe no próximo sábado, dia 30, as escritoras Papiõn Cristiane Santos e Karime Ribeiro para um evento focado na importância da literatura indígena. A partir das 9h, a dupla lança o livro “Ipoti e Alauá – Amigos na Vida” e uma roda de conversa, às 9h30, voltada para educadores, psicólogos e o público em geral que irá abordar a cultura dos povos originários em sala de aula de forma autêntica, combatendo estereótipos. O evento é gratuito, com entrada livre, e as inscrições podem ser feitas antecipadamente via formulário online.
O encontro, que marca o encerramento da programação do Agosto Indígena, se propõe a ir além do público infantojuvenil, mostrando como a literatura indígena pode ser uma ferramenta de trabalho valiosa em consultórios e escolas, com múltiplas camadas de interpretação e aplicação.
A escolha de um bate-papo com foco no público adulto não é casual. “Tivemos um insight a partir do contato de profissionais que nos contaram sobre como usavam os livros anteriores em suas atividades”, relata Karime Ribeiro. O novo volume, que conclui a trilogia ‘Ipoti’, se aprofunda nessa versatilidade. A história acompanha os protagonistas Ipoti e Alauá na transição para a vida adulta, quando deixam suas vilas em Minas Gerais para estudar em Vinhedo, no interior de São Paulo.
O enredo, aparentemente simples, é um mergulho em saberes ancestrais e uma ponte entre o mundo tradicional e a modernidade. O livro aborda o uso de tecnologias pelos povos originários de forma natural, desafiando a preconceituosa ideia de que a identidade indígena é perdida com a adoção de hábitos contemporâneos. A protagonista, que se interessa por midialogia, personifica essa quebra de paradigma. A narrativa, portanto, funciona como uma via de mão dupla: ensina sobre a cultura indígena e, ao mesmo tempo, educa sobre o preconceito.
A presença de Papiõn Cristiane Santos, escritora e pesquisadora indigenista com ascendência indígena, eleva a discussão a outro patamar. Sua participação no projeto não se restringe à coordenação editorial; ela garante a legitimidade da obra e do debate. No encontro, Papiõn aprofundará a discussão sobre como a literatura de autoria indígena pode ser utilizada para enriquecer a educação, oferecendo um olhar autêntico e aprofundado sobre a cultura dos povos originários.
O evento tem entrada gratuita e é uma oportunidade imperdível para quem busca novas ferramentas para o ensino e a prática clínica. A programação tem início às 9h, com a roda de conversa marcada para às 9h30.
O projeto Ipoti & Alauá – Amigos na Vida é realizado pelo Ministério da Cultura do Governo Federal e pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Prefeitura de Vinhedo através da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) de Fomento à Cultura – Edital nº 002/2024 – LEI Nº 14.399/2022.
A saga de Ipoti e Alauá se desenvolve ao longo de três volumes, cada um abordando diferentes faixas etárias e temas. O primeiro livro, “Ipoti & Alauá – Amigos na Mata” (2018), foi idealizado para a educação infantil e focado na infância e na relação das crianças com a natureza. Já o segundo, “Ipoti & Alauá – Amigos na Vila” (2021), direcionado ao Ensino Fundamental 1, retrata as aventuras dos amigos ao se mudarem para a Vila Patauá, explorando a transição da vida na floresta para uma comunidade maior. O lançamento, “Ipoti e Alauádw – Amigos na Vida” (2025), focado em um público mais maduro do Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio, acompanha a jornada de Ipoti e Alauá rumo à vida adulta e ao ingresso na universidade. A progressão dos livros reflete de forma orgânica o crescimento dos leitores, permitindo que os temas da cultura indígena sejam aprofundados de maneira apropriada a cada etapa do desenvolvimento.
Sobre as Autoras
Karime Ribeiro: Jornalista, poeta e escritora, é a criadora da aclamada trilogia ‘Ipoti’. Com vasta experiência em produção e gestão de projetos culturais, atua como assessora de imprensa e produtora de eventos de relevância, incluindo o Feverestival e a Virada Afro Cultural de Campinas.
Papiõn Cristiane Santos: Com raízes no Oiapoque-Amapá, é uma pesquisadora indigenista e ativista comprometida. Coordenadora editorial e criadora de projetos culturais como o Observatório Cultural das Aldeias, Papiõn atua na articulação com diversas instituições, promovendo o respeito à cultura indígena e à ancestralidade africana.
