A indústria regional se mostrou estável no mês de agosto, mesmo com tarifaço de 50% anunciado por Trump, é o que mostra a Sondagem Industrial divulgada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) – Regional Campinas. Apesar da estabilidade, diretores do Ciesp-Campinas reforçaram que impactos do tarifaço dos EUA ainda deve ser avaliado ao longo dos próximos meses e que a indústria deve buscar por estratégias a serem adotadas futuramente para possíveis impactos negativos.
Para o vice-diretor do Ciesp-Campinas, Valmir Caldana, é importante que as indústrias busquem mercados alternativos ao dos Estados Unidos. “Essa é a dinâmica das empresas atualmente. Diversificar o mercado e encontrar compradores que paguem igual ou melhor. Se encontrar compradores, dificilmente voltará para o mercado dos Estados Unidos”, explicou Caldana.
O vice-diretor também citou a importância das medidas adotadas pelo governo federal com o plano “Brasil Soberano”, mas reiterou que as ações não substituem a necessidade das indústrias se prevenirem para o nível de faturamento dos próximos meses.
Para a avaliação do Diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, a linha de crédito de R$ 30 bilhões, do Fundo Garantidor de Exportações, liberada pelo Governo Federal dá um alívio importante para as empresas que estão sendo impactadas pelo tarifaço americano, mas é preciso ter clareza que se trata de uma solução emergencial de curto prazo.
Riso explicou que o grande desafio está na abertura de novos mercados internacionais, o que é sempre um processo demorado, envolvendo negociações comerciais, exigências regulatórias, muitas vezes até a adaptação de produtos.
“Embora o financiamento temporário seja muito bem-vindo para dar um fôlego imediato ao caixa das empresas, ele não substitui a necessidade de uma estratégia de médio e longo prazo. As empresas vão precisar diversificar destinos, investir em inovação, buscar acordos comerciais mais robustos, para reduzir as dependências de mercados que hoje se mostram estáveis. Em resumo, o pacote ajuda, mas não resolve. O verdadeiro caminho é fortalecer a competitividade e ampliar a presença global do Brasil para que choques externos como este tenham um impacto cada vez menor no futuro”, finalizou o Diretor de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas.
Segundo dados da Balança Comercial Regional do Ciesp-Campinas, os Estados Unidos continuaram sendo o principal destino de produtos exportados na região, com mais de US$ 57 milhões, o que representa quase 18% do total das exportações.
Além disso, a Sondagem Industrial mostrou ainda que o volume de produção, número de funcionários, faturamento e endividamento também seguiram estáveis no mês de agosto de comparado ao mês anterior. A Sondagem apontou que 64% das associadas afirmaram estabilidade tanto no volume de produção quanto no faturamento. Já em relação ao número de funcionários e endividamento, 91% afirmaram que o número seguiu estável. No nível de inadimplência, 91% disseram que os dados estiveram inalterados em agosto. O nível de utilização atual da capacidade instalada de produção das empresas associadas está entre 50,1% e 100% – para todas as que responderam essa pesquisa.
Na Balança Comercial, Anselmo Riso analisou os números regionais. Em julho de 2025 o valor exportado foi de US$ 319,5 milhões – 16,02 % maior que em julho de 2024. O acumulado no ano (período de janeiro a julho) foi de US$ 2,039 bilhões – 2,65% maior que no mesmo período anterior.
Já as importações no mesmo mês foram de US$ 1,449 bilhão – 31,7% maior do que em julho do ano passado. O acumulado no ano é de US$ 8,186 bilhões – 18,38% maior que no mesmo período de 2024.
O déficit em julho de 2025 foi de US$ 1,130 bilhão – 36,06% maior que o registrado em julho de 2024. O déficit acumulado no ano é de US$ 6,144 bilhões – 24,72% maior que no mesmo período de 2024.
A corrente de comércio exterior regional (soma das exportações e importações) em julho de 2025 foi de US$ 1,769 bilhão – 28,07% maior que em julho de 2024. A corrente acumulada em 2025 é de US$ 10,223 bilhões – 14,87% maior que no mesmo período de 2024.
Em julho de 2025, os principais municípios exportadores da Regional Campinas do Ciesp foram Campinas (30,26%), Paulínia (27,43%), Sumaré (9,10%), Mogi Guaçu (8,57%) e Valinhos (4,80%).
Já os municípios que mais importaram foram: Paulínia (46,95%), Campinas (19,65%), Hortolândia (8,09%), Sumaré (7,82%), Jaguariúna (6,60%) e Valinhos (5,92%). O percentual do município refere-se a sua participação em relação ao total da Regional no Balanço Mensal.
Além dos EUA como o principal destino de produtos da região exportados, a Argentina (US$ 50,42 milhões –15,78%) e México (US$ 17,92 milhões – 5,61%). Já os principais países de origem das importações para a região foram a China (US$ 424,66 milhões – 29,29%), Estados Unidos (US$ 255,72 milhões – 17,64%) e Suíça (US$ 84,95 milhões – 5,86%).

