Quando recorrer a terapia de casal?

Imagine um casal antes de se formar; dois estranhos com histórias, percepções e desejos distintos que se encontram para construir uma nova realidade no tempo presente, ao mesmo tempo que reconstroem o passado. Numerosos ajustamentos, internos e externos, serão feitos para garantir que algo muito grandioso possa nascer a partir do encontro destes dois mundos.

Este espaço interno que surge entre a dupla chamamos de relação amorosa, um lugar repleto de mistério e encantamento para nós, em que cada parceiro é distinto e ao mesmo tempo, uma continuidade do outro. Alí eles compartilham sonhos, projetos, fantasias e todas as suas questões mal resolvidas, pois ninguém entra em uma relação sem elas.

Estarão sujeitos ao efeito de poderosas forças que emanam da diferença da personalidade de cada um e da própria identidade da relação, que farão com que os apaixonados, inevitavelmente, experimentem crises, falta de confiança e diálogo, traições e até rompimentos.

O amor pode ser simples mas a relação amorosa é complexa e sendo uma criação elaborada, em algum momento precisará ser replanejada para garantir a saúde mental dos amados. Pode ser que não haja o momento, por ser tarde demais.

A maioria dos casais espera cerca de 6 anos para buscar ajuda quando percebe que a relação declinou. O atraso pode ter um alto custo para eles. Muitos casamentos chegam ao fim, antes mesmo de que se tenha chance de repará-lo. O rompimento é um importante fator de estresse que pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade.

A boa notícia é que existe um recurso eficaz para reconstruir o vínculo perdido e dar um novo sentido à vida a dois. A terapia de casal entra como um espaço privilegiado de cuidado na relação, um ambiente seguro para falar daquilo que é mais difícil, entendendo o que cada um sente e precisa, e como encontrar soluções para as crises.

Ao longo da minha trajetória de cuidado, percebo que a maioria dos casais que chegam até ao consultório, já tentou de tudo. Estão desesperançosos por verem que a relação deixou de ser um lugar de gratificação e segurança, para ser fonte de sofrimento. Mas digo que quando ainda há o desejo, sempre haverá possibilidade de construir ponte para a intimidade com o outro.

Este é o grande fascínio da relação amorosa: a possibilidade de reconciliar as diferenças e redescobrir-se na relação.

Daniele Picoli Alves

Psicóloga e Terapeuta de Casal

CRP: 06/147846

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