Hoje li no New York Times que o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) abriu uma investigação contra o Brasil por supostas “práticas desleais” no mundo digital.
E adivinha quem está no meio da história? Ele mesmo, o PIX! rs
Confesso que, como alguém que ajudou a colocar o PIX de pé lá em 2020 (fui um dos responsáveis pelo setup dos estruturantes, habilitadores e das Squads PIX dentro do Bradesco, dentro da famosa Vila Mobile (na grande Cidade de Deus/Osasco), trabalhei como Head de Produtos e Estrategista Executivo, dito isso, essa notícia me deixa entre orgulhoso e intrigado. Orgulhoso porque vejo o PIX sendo reconhecido (ainda que de forma torta) pelo impacto que causou. Intrigado porque, convenhamos, chamar de “desleal” uma inovação que revolucionou os pagamentos por aqui é no mínimo curioso.
Vamos relembrar um pouco desse enredo: em junho de 2020, o WhatsApp anunciou com pompa um tal de Facebook Pay (vulgo WhatsApp Pay) no Brasil, em parceria com Visa, Mastercard, Cielo, grandes bancos e fintechs. Parecia que íamos dar um salto nos pagamentos via app de mensagem. Só que uma semana depois, o Banco Central mandou pausar tudo – queria analisar o impacto na concorrência antes de liberar. No mesmo dia, o CADE (antitruste) também suspendeu a parceria WhatsApp & Cielo. Clima tenso no ar, pelo menos nos bastidores! Já que grande parte da população nem sabia o que estava acontecendo.
Coincidência ou não, uns cinco meses depois, em novembro de 2020, “nasceu o PIX”, projeto que já vinha sendo desenvolvido há anos e cuja data de lançamento já estava marcada há bastante tempo. E que lançamento! Em pouco tempo o PIX virou mania nacional.
Lembro que em janeiro de 2021 o volume de transações via PIX já havia superado os TEDs tradicionais, exatamente como eu havia previsto desde 2020 e alertado pessoalmente o então presidente do Bradesco: Octavio de Lazari; Hoje meu caro mentorado, Marcelo Noronha é o CEO/Presidente, na época ainda era Superintendente Executivo do Alto escalão do ATACADO.
OBS: Sim, tive a honra de fazer mentoria executiva focada em Transformação Lean Digital, para ele e o grupo do ATACADO na época, sediado na Faria Lima x JK. Altíssimo Padrão! Dale gravata nova. (rs)
No ano seguinte o PIX ultrapassou os débitos, e logo depois até os créditos. Hoje é, de longe, o meio de pagamento mais usado no Brasil, do empreendedor que vende bolo caseiro ao e-commerce, todo mundo abraçou.
Enquanto isso, o WhatsApp Pay só foi liberado pelo BC em março de 2021, quando o PIX já dominava o pedaço, e ainda assim com limitações (só transferências P2P, nada de pagar comerciante direto). Ou seja, quando finalmente pôde sair do vestuário, o jogo já estava 3×0 pro PIX. 🏆 (rs) Olha a inveja gringa!
As empresas norte-americanas que apostavam nessa frente aqui (as bandeiras de cartão, a própria Meta dona do WhatsApp…) sentiram o baque. Afinal, o PIX comeu uma fatia enorme do bolo que elas estavam de olho. Não à toa, agora em 2025, vemos o governo dos EUA olhando para trás e dizendo: “Wow, eita, peraí, será que o Brasil favoreceu seu próprio esquema e prejudicou as nossas empresas?” 🤔
Como Perito Digital Judiciário, eu ainda não analisei profundamente a documentação, mas antecipo minha leitura dinâmica; No documento da tal investigação, a conselheira-geral do USTR, Jennifer Thornton, afirma que o Brasil “parece adotar práticas desleais” em serviços de pagamento eletrônico, incluindo favorecer serviços desenvolvidos pelo governo (rs)… Pix!
Traduzindo pra leigos: estão insinuando que nosso governo (Brasileiro) protegeu o PIX e barrou a concorrência estrangeira (o WhatsApp Pay, no caso) de competir em pé de igualdade.
Nossa, mas isso eles nunca fazem né?! Ironia Tecnológica (rs)
Olha, do meu ponto de vista de quem viveu o PIX nos bastidores, chamá-lo de “prática desleal” soa irônico. 🤷 O PIX foi uma infraestrutura criada pelo Banco Central justamente para aumentar a competição e modernizar o sistema de pagamentos. Todas as instituições financeiras puderam aderir (a nossa equipe no banco suou a camisa pra integrar tudo a tempo, seguindo os normativos e reguladores do BC) …
Resultado: transferências grátis ou baratinhas em 24/7, coisa que antes dependia de TED (limitado e pago) ou cartão (com taxas altas). Mas quem ganhou com isso? O consumidor, o pequeno negócio, o país inteiro. VOC (Voice of Customer), so they can learn fast… lolol
Então, favorecer (na minha visão #PRIORIZAR) o PIX em detrimento de um esquema privado estrangeiro foi desleal, ou foi o caminho natural de quem quis oferecer um bem público e evitar monopólios? 🤔 Vale lembrar: o WhatsApp Pay não foi “banido” pra sempre; ele só esperou passar pelo crivo regulatório, e hoje tá aí, operando (ainda que bem menos relevante, e totalmente desacreditado por muitos). Afinal acho que eles precisam de uma ajudinha na Jornada do Usuário, WhatsApp, eu ajudo, só me contratar e pegar tão bem quando patrocinaram as reclamações legais. Sim, eles fazem isso com o mundo todo! Mas a China é muito longe pra sentirmos as dores deles né?!
É claro que entendo o outro lado: do ponto de vista de quem perdeu terreno, deve doer ver seu modelo de negócio abalado. As gigantes de cartão e a Big Tech tiveram que correr atrás do prejuízo. AVISO AO NAVEGANTES – Inovação disruptiva tem disso, quem não se adapta, dança. 💃🕺 Mas daí a pintar o PIX como vilão anticompetitivo? Hmmm (faz-me rir)
Curioso é que a bronca do USTR não é só com o PIX. No mesmo pacote, criticam as recentes e polêmicas decisões de regular as redes sociais (tipo o STF responsabilizando plataformas por conteúdo ilícito, derrubando o tal Artigo 19 do Marco Civil). O documento alega que isso pode levar à “censura excessiva” e impor riscos/custos para as empresas de mídia social dos EUA, ou seja, estão incomodados porque agora o Brasil exige mais responsabilidade das plataformas sobre o que rola online. Interessante, né? 🤨
VEJA BEM (minha visão técnica/científica/diplomática) … reconhecer a excelência técnica do sistema financeiro brasileiro não significa endossar as recentes manifestações descoordenadas de algumas instituições políticas nacionais. Há, sim, um esforço claro de empacotar meias verdades, críticas legítimas e retóricas vazias num mesmo pacote, criando ruído proposital para inflamar uma massa leiga, polarizada e já exausta. É um fenômeno que considero perigoso, onde soberania digital vira bandeira para agendas ideológicas, e discussões sobre regulação, infraestrutura crítica e privacidade de dados se transformam em espetáculo populista. Enquanto o Brasil lidera tecnicamente em muitos quesitos: PIX, Open Finance, Drex, etc.
O debate político institucional ainda patina, confunde propósito com protagonismo e gera um cenário instável para quem constrói inovação de verdade por aqui.
E tem mais: até a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou na mira!
Reclamação: o Brasil estaria impondo restrições demais à transferência de dados pessoais pro exterior (leia-se EUA), atrapalhando negócios digitais. Traduzindo de novo: poxa vida, Brasil, por que você está protegendo tanto os dados dos seus cidadãos? Assim fica difícil (para as Big Techs) trabalhar… 😅
No fim das contas, algumas das iniciativas mais positivas e inovadoras que tivemos nos últimos anos, como: PIX, marco das redes, LGPD, estão sendo vistas lá fora como “ameaças” à competitividade das empresas deles. Tem até fonte do governo especulando que, por trás disso, pode haver interesses bem estratégicos: quem sabe empurrar uma privatização do PIX (que hoje é gerido pelo Banco Central Brasileiro) ou receio do surgimento de um sistema de pagamentos alternativo ao dólar no âmbito dos BRICS. Será? Teoria da conspiração ou não, dá o que pensar. 👀 Como Estrategista Polímata e Neuro divergente eu tenho hiper foco pra essas coisas complexas, ignoradas por muitos especialistas.
De uma forma ou de outra, o recado do Tio Sam soa assim: “Ei Brasil, pega leve nessas ideias próprias aí, não dificulta a vida das nossas corporações, ok?” 😂 Mas eu prefiro enxergar de outro jeito: estamos incomodando exatamente porque estamos acertando. Todas essas ações afirmam nossa soberania digital e econômica. Estamos mostrando que dá pra inovar em favor do público e, sim, botar limite quando preciso, mesmo que gigantes lá de fora reclamem.
Nunca imaginei, lá em 2020, que aquele projeto do então tal PIX no qual coloquei tanto suor e noites em claro acabaria citado num documento oficial dos EUA como “ameaça competitiva”. Quem diria, hein! Hoje vejo isso quase com orgulho: sinal de que o que fizemos aqui deu certo demais.
Se isso é ser “desleal”, então meu amigo… que continuemos jogando esse jogo à Brasileira, com muita inovação e pensando no coletivo e na Inteligência Coletiva

MICHEL BEZ FONTANA
Head of Digital Products · Strategic Innovation Leader · University Professor & Executive Mentor · Startup Investor · Tech Advisor & IT Expert Witness



