
O estado de São Paulo registrou o menor número de focos de incêndio em junho em 26 anos, quando começou a série histórica em 1988. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram registrados 55 focos de queimadas, abaixo dos 63 registrado em junho de 2012, que até então tinha o menor valor já registrados. Em comparação com o mesmo mês no ano passado, o percentual de queda é maior ainda, com 89% a menos, sendo que em 2024 foram computados 533 incêndios.
Segundo o governo estadual, a queda é resultado de ações de fortalecimento no combate e prevenção a queimadas por meio da Operação SP Sem Fogo, que realiza ações durante todo o ano, mas que durante o período de estiagem, a operação entra na fase vermelha, com intensificação dos trabalhos.
Depois de ter passado por um ano com registros preocupantes de focos de queimadas em todo o estado em 2024, neste ano a Operação precisou ampliar ainda mais as ações e editar novas medidas. No ano passado, o estado chegou a atingir a maior série histórica de incêndios por ano desde 1988.
De janeiro de 2024 até a última sexta-feira, dia 20 de setembro, foram registrados 7.293 focos de queimadas, superando os 7.291 focos atingidos em 2010. Além disso, o período entre junho a setembro tinha sido o com o maior número de registros, com o mês de agosto superando a marca, com 3.612 focos de queimadas.
Neste sentido, para este ano o governo estadual precisou adotar novas medidas para prevenção e combate aos incêndios. Uma das principais inovações deste ano foi a criação da Sala SP Sem Fogo, no Centro de Gerenciamento de Emergências, que permite monitorar em tempo real focos de calor, direção do vento e umidade do ar. A estrutura auxilia na previsão de cenários críticos e no acionamento rápido de equipes. “Investimos em inovação e colocamos equipes em campo com drones, veículos e tecnologia para monitorar os focos em tempo real. Isso permite agir rapidamente e evitar que o fogo se espalhe”, destacou o coronel Henguel Pereira, coordenador da Defesa Civil estadual.
Também foi implementado um sistema de alerta georreferenciado, que envia notificações automáticas sempre que focos surgem próximos a unidades de conservação, permitindo ação imediata das equipes. A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, destaca que a queda nos incêndios é resultado de planejamento técnico, investimentos em tecnologia, equipes capacitadas e reforço da legislação.
“A redução histórica nos incêndios florestais em junho reflete o trabalho estratégico e integrado da Semil, com apoio da Fundação Florestal. Ampliamos investimentos em tecnologia, equipes treinadas, gestão territorial e endurecemos a legislação ambiental para coibir práticas ilegais. Também avançamos na proteção da fauna com protocolos inéditos de resgate”, afirmou a secretária Natália Resende.
Para este ano, a Semil implementou mudanças na legislação ambiental visando coibir queimadas ilegais. As alterações na Resolução SIMA 05/2021, publicadas em abril, estabelecem punições mais severas para a utilização irregular do fogo em áreas rurais.
A principal mudança é a criação de uma multa específica para proprietários rurais que não adotarem medidas preventivas contra incêndios florestais, com valores que variam entre R$ 5 mil e R$ 10 milhões. A norma também aumenta as penalidades para quem provocar incêndios em áreas produtivas ou vegetação sem autorização, com multas de R$ 3 mil por hectare atingido, podendo dobrar em casos mais graves, como incêndios em terras indígenas. A legislação anterior previa multa de até R$ 1,5 mil por hectare.
A Fundação Florestal destinou R$ 11 milhões iniciais à operação, com contratação de bombeiros civis, aeronaves, aquisição de equipamentos e retirada de vegetação seca em áreas estratégicas. O DER, por sua vez, destinou mais de R$ 300 milhões à conservação de rodovias, incluindo ações contra incêndios.
O Corpo de Bombeiros capacitou 1,9 mil agentes e outros 900 estão em treinamento. A Polícia Ambiental reforçou ações de educação e fiscalização. Até o momento, 3 mil agentes de 600 municípios foram capacitados pela Defesa Civil para integrar a operação.
Além destas ações, o inverno com mais nebulosidade e chuvas também contribuiu para o resultado, ao reduzir as condições climáticas favoráveis à propagação de fogo.
Criada em 2023, a Operação SP Sem Fogo já entregou 348 veículos a municípios prioritários, além de kits de combate a incêndios. Em 2025, serão contratadas aeronaves também para monitoramento e adquiridos, pela primeira vez, 20 caminhões-pipa.

