Cenário econômico nacional e falta de mão de obra qualificada são os principais problemas enfrentados na indústria da região

Falta de mão de obra qualificada tem sido um problema enfrentado em diferentes setores, frisou o diretor do Ciesp-Campinas

O cenário econômico atual do Brasil e a falta de mão de obra qualificada foram apontados como os principais problemas para a indústria da região de Campinas. De acordo com a Sondagem Industrial do mês de março, apresentado pela Regional Campinas do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), 50% das associadas apontaram que o cenário econômico nacional é uma das dificuldades, enquanto que os outros 50% apontaram a falta de mão de obra qualificada como o maior problema enfrentado. a pesquisa apontou ainda questões como ‘burocracia e legislação’, ‘custos e financiamento’ e ‘inovação e tecnologia’ como outras opções de dificuldades enfrentadas, mas que não foram assinaladas por nenhuma das associadas.

Para o diretor do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, a preocupação da indústria regional com o cenário econômico nacional e a necessidade de ampliar a qualificação da mão de obra refletem duas das grandes preocupações do setor produtivo.

Corrêa destacou que um dos principais problemas do Brasil é a mão de obra. Segundo ele, há diversas oportunidades de emprego na indústria brasileira, mas que não há trabalhadores interessados em preencher as vagas. “Isso é um problema da Indústria, do Comércio e dos Serviços”, salientou Corrêa, que também destacou a variedade de cursos e qualificações oferecidos por entidades como Sesi, Senai e big techs, mas que não tem a procura necessária para atender a demanda da indústria.

Em relação ao cenário econômico nacional atual, Corrêa apontou que esta tem sido a maior preocupação. Nós estamos gerando pobreza e não riqueza. “Este é o problema que faz com que a indústria se sinta preocupada”, disse José Henrique. O diretor destacou que a falta de diminuição nos impostos contribui para a falta de segurança industrial.

Em relação aos indicadores específicos da Sondagem, o diretor do Ciesp-Campinas afirmou que a diminuição do volume de produção e a queda no faturamento, ambos apontados por 50% das indústrias em relação ao mês anterior, “são sinais preocupantes para os próximos meses”. Embora o nível de inadimplência tenha permanecido inalterado para 100% das respondentes e o endividamento estável para 75% delas, Corrêa explicou que a utilização da capacidade instalada e o aumento nos custos de matérias primas e componentes para 75% das indústrias, também apontam dificuldades futuras para o setor. Em relação a utilização da capacidade instalada, o diretor do Ciesp-Campinas destacou que 0% das indústrias associadas utilizam entre 80,1 a 100% da capacidade de instalação. “Esse é um número bastante preocupante, porque a gente sabe que tem muitas empresas que chegam a ter até três turnos e provavelmente  isso diminuiu bastante“, explicou o diretor.

A Sondagem apontou ainda que 100% das empresas acreditam que a implementação total da internet 5G é ‘importante’ para a evolução tecnológica dos seus negócios.

Durante a apresentação da pesquisa, o diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, também comentou os números da Balança Comercial Regional. Em fevereiro de 2025 o valor exportado foi de US$ 299,4 milhões – 31,07% maior que em fevereiro de 2024. Já as importações no mesmo mês foram de US$ 1,063 bilhão – 24,45% maior do que em fevereiro do ano passado. O saldo em fevereiro de 2025 foi negativo em US$ 764,3 milhões – 22,03% maior que o registrado em fevereiro de 2024.

A corrente de comércio exterior regional (soma das exportações e importações) em fevereiro de 2025 foi de US$ 1,363 bilhão – 25,84% menor que em fevereiro de 2024.

Em fevereiro de 2025, os principais municípios exportadores da Regional Campinas do Ciesp foram, pela ordem: Campinas (38,51%), Paulínia (20,23%), Sumaré (13,17%), Mogi Guaçu (7,59%), Valinhos (4,63%).

Já os municípios que mais importaram foram: Paulínia (40,56%), Campinas (23,92%), Hortolândia (8,80%), Sumaré (8,07%) e Valinhos (7,13%). O percentual do município refere-se a sua participação em relação ao total da Regional no Balanço Mensal.

Em relação aos principais parceiros comerciais, as exportações tiveram os Estados Unidos (US$ 65,32 milhões – 21,82%), Argentina (US$ 34,46 milhões -11,51%) e Países Baixos – Holanda – (US$ 22,56 milhões – 7,54%) como principais destinos da indústria regional em fevereiro de 2025. Já nas importações o destaque ficou para China (US$ 252,97 milhões – 23,78%), Estados Unidos (US$ 197,22 milhões – 18,54%), Coreia do Sul (US$ 67,24 milhões – 6,32%).

Ao apresentar os principais parceiros comerciais de fevereiro de 2025 para a região, Anselmo Riso apontou uma questão que pode mudar este cenário nos próximos meses: “as novas políticas de dos EUA, com possível aumento de tarifas e restrições em setores específicos, podem impactar as nossas exportações para o país”, detalhou. “Isso pode levar a uma busca por novos mercados, como Europa e América Latina”, acrescentou o diretor da balança comercial.