Politicamente correto é utilizado como um título para classificar algo ou alguém que segue as normas e leis estabelecidas por uma instituição oficial.
Normalmente, quando se fala em “politicamente correto”, refere-se à neutralização de uma linguagem ou discurso, evitando o uso de narrativas estereotipadas ou que possam fazer referências as diversas formas de discriminação existentes, como o racismo, o sexismo, a homofobia e etc.
Em contrapartida, existe a ideia do politicamente incorreto. Nesta perspectiva, toda a precaução em evitar o uso de termos, por exemplo, que possam ofender determinadas camadas ou grupos sociais, é considerada estúpida e totalmente ignorada.
O tema do politicamente correto dominou o debate na imprensa em dois momentos importantes da história brasileira recente.
Primeiro, em 2004, o governo Lula publicou a cartilha Politicamente Correto e Direitos Humanos, com quase 100 termos ou expressões pejorativas acompanhadas de comentários. O objetivo do documento era, segundo o então subsecretário de promoção e defesa dos direitos humanos Perly Cipriano, responsável pelo material, “chamar a atenção dos formadores de opinião para o problema do desrespeito à imagem e à dignidade das pessoas consideradas diferentes”.
“Preto de alma branca – Um dos slogans mais terríveis da ideologia do branqueamento no País, que atribui valor máximo à raça branca, e mínimo aos negros. Ou ‘Apesar de ser preto, é gente boa’ e ‘É negro, mas tem um grande coração’ eram variações de frases altamente racista, segregadora”, dizia um trecho da cartilha.
Como dito acima, muitos especialistas defendem que todo esse debate surte pouco efeito se o racismo, por exemplo, continuar presente entre as pessoas mesmo com palavras novas.
É preciso libertar as pessoas da opressão também. E aí tudo se torna natural, porque se você tem uma sociedade que é mais feminista e menos machista, você não vai precisar ficar regulando as coisas machistas que as pessoas falam porque elas não vão sentir necessidade de falar isso. Porque se promoveu mudanças mais profundas”, afirmou um renomado pesquisador do assunto em entrevista à BBC News Brasil.
Aqui vamos dar um exemplo prático usando os títulos das marchinhas canceladas do carnaval, em nome do politicamente correto:
Me dá um dinheiro aí – ASSALTO
O teu cabelo não nega – RACISMO
Cabeleira do Zezé – HOMOFOBIA
Você pensa que Cachaça é água – ALCÓOLICOS ANONIMOS reagiu.
Bandeira Branca – TRAFICO
Mascará Negra – BLACK BLOCKS
Vou –te beijar agora – ASSÉDIO
A turma só me chama de palhaço – BULLYING
Você tem que ME dar seu coração – CRIME PASSIONAL
Maria Sapatão – APOLOGIA GAY FELICIANA;
Índio quer apito, se não der, pau vai comer – EXTORSÃO
Cidade Maravilhosa – CALUNIA!!!
A pipa do vovô não sobe mais – BULLYING COM OS IDOSOS
Assim fica difícil.

MARCIO JOSE SCHÄLI é Escritor, Historiador e Jornalista


